Fotos

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07/09/2010


Ela o amava demais, e, ele amava de menos. Bem menos. Ele não entendia bem o que era o amor. Gostava, somente, de ter belas conquistas, pessoas belas ao seu lado. Afinal, conquistá-la e fazê-la amá-lo foi só uma grande diversão para ele. Ela, a mulher mais popular da cidade. Aquela que não ligava para o que diziam, só queria viver. E vivia, até conhecê-lo.
Sem querer ela apareceu naquele baile. Entrou de graça, ganhou bebida dos amigos dele. Todos a cortejavam, todos a queriam, mas, ela, ela nem percebia a admiração que exercia nas outras pessoas.
Encontrou uma mesa e sentou-se com suas amigas. Bebericou seu vinho enquanto via as pessoas dançando. Uma dança que, na maioria das vezes, deixava-a tonta. Alguns garotos, novos na cidade, chegaram perto dela a fim de conhecê-la. Fizeram elogios, tentaram se aproximar mais, mas, ela, com toda a sua falta de dedos, dispensava-os sem se quer olhá-los na cara. Fazer sala, ser cordial com pessoas interesseiras, não era o seu costume. Cordialidade deveria ser gasta com pessoas que a mereciam.
Seu copo nunca estava vazio, sempre vinham cavalheiros para enchê-lo à mínima menção da mão da nossa bela dama. As intenções desses homens poderiam ser as piores, mas não chegavam a se concretizar, ela não se deixava levar por um belo cálice de vinho.
Levantou-se e resolver dançar. Vários parceiros se ofereceram para conduzi-la. As valsas foram muitas. Depois de muito dançar, deixou-se numa cadeira ao final da noite, exausta de tantos rodopios. Não sabia o que estava por vir. Se soubesse, teria se levantando, exausta da maneira que estava. Fugiria daquele lugar.
Um mensageiro foi ao seu encontro, levou um recado de um amante. Ela não gostava deste tipo de abordagem. Se esse homem a desejava a ponto de mandar-lhe alguém, que o fizesse por ele próprio. Riu-se fartamente do acontecido, fez comentários com suas amigas.
Levantou-se para irem embora. Ao virar para suas amigas a fim de chamá-las, percebeu que as três estavam com o olhar fixo em uma parte do salão. Curiosa, virou-se e avistou um homem. Não me atrevo a chamá-lo de cavalheiro. Esse adjetivo não o condizia. Ele, com seus olhos azuis, atravessou por entre as valsas e pegou a mão de nossa dama. Um choque elétrico subiu pelas terminações nervosas dela, sensações nunca antes produzidas por nenhum dos antigos amantes.
Ao ouvido, os dois conversaram, durante horas. Nossa dama foi embora, sozinha, mas, aquela noite, sem dúvida nenhuma, era o começo de algo maior. Aquele amante não a perderia de vista, muito menos agora que sabia o efeito que tinha sobre ela.

Continua...

14/08/2010

Estrelas


Todas as vezes que sento perto da janela para ver as estrelas fico pensando no que tenho feito com a minha vida. Não sou mais nenhuma criança, já tenho meus 21 anos. Sofri tanto para chegar aonde cheguei e me sinto tão triste com tudo isso. Não era para eu me sentir assim. Estudo numa boa faculdade, tenho amigos, minha família é maravilhosa. Tirando uma ou outra coisa que anda acontecendo, tudo está ótimo. Então por que eu me sinto assim? Parece que um vazio me preenche por dentro.
As noites se tornam mais longas que o de costume e já não consigo dormir. Os dias estão curtos demais, não dou conta de tudo que eu deveria fazer. Passo minhas tardes dormindo. Eu sei que deveria ir as aulas. Não que eu não dê valor ao que conquistei, simplesmente me faltam forças para ir. Já à noite, rolo na cama e nada me faz pegar no sono. São nesses dias que venho para perto da janela, ver estrelas. Tento refletir sobre a minha vida, o que tenho feito com ela. Não consigo ordenar muito bem as ideias. Sei o que deveria estar fazendo, mas não sei onde realmente estou. Tudo parece meio confuso, meio nublado.
Nos dias em que consigo ir às aulas, levanto melhorzinha, desvio das pessoas na calçada. Elas passam com suas vidas alegres, sorrindo para o sol posto em cima de suas cabeças. Não acho graça nisso. Queria que essas pessoas sumissem, saíssem de perto de mim com seus lábios risonhos e suas gargalhadas estorvantes.
Ninguém sabe o que eu estou passando. Ninguém que passa por mim na rua sabe. Ninguém que ri alegremente espirrando saliva em suas risadas gritantes. Só eu sei. Só eu choro sem porque abraçada ao meu travesseiro quando mais ninguém está por perto. Só eu passo horas no banho por falta de vontade de sair dali e voltar a essa vida ridícula. Só eu olho as estrelas de madrugada e não vejo nada. Só eu.
Queria poder contar para alguém o que venho passando, o que venho pensando. Não tenho para quem contar. Acho que vou atrapalhar essas pessoas com meus problemas banais e que não as dizem respeito. Isso tudo só diz respeito a mim, só eu devo cuidar desse assunto. Só não sei como fazê-lo.
Tento ler um livro, ver um filme. Tudo parece tão estúpido, tão inexpressivo. Falta algo que me segure à vida comum, aos gostos normais. Não sei como voltar ao que era antes. Na verdade, nem sei como cheguei ao estado em que estou.
Me sinto num mundo paralelo, por trás de um vidro blindado onde ninguém mais me escuta. Vivo sozinha num nimbo sem esperança e cinza. Um nimbo que eu mesma construí para viver. Levantei minha casa em pedras lodosas, no alto de um barranco. Só eu vivo ali. Sem vizinhança, sem pessoas nos arredores. E agora já não consigo descer. Eu escolhi assim. Esse foi o meu destino final. Já não sei como sair dessa fumaça densa que me cerca. Meu mundo agora é esse. Não me resta fugir para outro lugar, só me resta viver longe das estrelas.
As estrelas, aquelas que eu via pela minha janela, essas se foram há muito tempo, já não as posso ver mais. Vivo agora num lugar escuro, sombrio e frio. Vivo no fundo de uma vala gélida, depois de sair da vida por entre a fumaça densa de uma doença sem razão de existir. Mas existe.

11/08/2010

Bullying


Acho interessante ver o mundo por debaixo d’água. Parece um mundo totalmente diferente desse em que vivemos. Lá é mais calmo, silencioso. Vai ver que nem é diferente, sou só eu mesmo que sou diferente. Bem que eu gostaria de não ser assim como eu sou, mas não sei como ser comum, igual a todos os outros. Teve uma época que eu era igualzinho a todos, pelo menos eu acho que era. Até a minha quinta série, nunca tinha percebido que eu era assim, meio inaceitável. Acho que sou meio burro, meio feio, meio estranho, assim como meus amigos me chamam. Todos os dias de manhã, acordo para ir à escola e lembro do que eu terei que passar. Meus amigos novamente irão me lembrar o tanto que eu sou horrível. Não sei o por quê de eu ter que ir lá todos os dias, não consigo aprender mesmo, sou tão burro...
No começo eu até brigava e me irritava com todos aqueles xingamentos que eu achava serem sem fundamentos. Mas depois, parei de duvidar, eles estavam certos. Eu queria ser somente um menino de 15 anos comum, assim como meus amigos, quem sabe eles deixariam eu entrar para a turminha deles e parariam de falar que eu sou feio e burro.
Ultimamente tenho me sentido estranho. Me olho no espelho e não me reconheço. Então me olho mais de perto e vejo somente um monstro horrível. Meu nariz é enorme, minhas espinhas sobressaltam. Realmente, meus amigos estão certos. Todo dia de manhã faço a mesma coisa, me olho no espelho e vejo que a cada dia fico mais monstruoso. Perco a vontade de ir a aula ao imaginar o quanto meus amigos irão me xingar e me bater por eu estar cada dia mais feio. Já não sei mais o que fazer.
Toda vez que vou sair para a aula, tento o mais que posso ficar parecido com eles. Ponho boné, roupas largas. Fico horas tentando melhorar meu visual para poder entrar para a turminha, mas quando eu vejo que nada disso adianta, acabo ficando tão nervoso que vomito e prefiro não ir à aula. Acho que meu lugar é em casa.
As vezes, não consigo despistar meus pais e eles me forçam a ir a aula, encontrar com meus amigos. Na sala de aula eu prefiro tentar ao máximo não ser notado. Não saio no recreio, não lancho, não me mexo. Mas, mesmo assim, eles continuam a me mostrar o quão desprezível eu sou. Fico tão nervoso que às vezes suo, mas não faço nada, afinal eles estão certos, eu sou um monstro.
Minha mãe anda preocupada comigo, me levou a vários médicos. Todos me acham estranho, assim como meus amigos. Me passam remédios, me falam coisas estranhas. Meus pais brigam comigo, falam que eu tenho que sair de casa, ficar mais sociável. Mas como vou sair de casa se sou uma pessoa tão ruim, burro, feio e idiota? Prefiro ficar quieto, quem sabe assim não incomodarei mais ninguém com minha presença.
Ultimamente tenho tido pensamentos estranhos. Tenho ficado muito triste e já não sei o que fazer mais com minha vida. Vivo em consultórios e agora meus amigos já não me querem mais na sala de aula com eles, acham que eu não sirvo para freqüentar os mesmos lugares que eles.
Tento entender o porquê deles fazerem isso. No começo eu era diferente, então tentei mudar, ficar igual a eles. Depois eu vi que não estava dando certo, resolvi ficar quieto, sem atrapalhar ninguém com minha monstruosidade, mas não deu certo também. Tudo que eu fiz foi somente para agradá-los, mas, depois de tudo isso, eles preferem não compartilhar comigo as mudanças pelas quais passamos juntos? Por isso que eu acho que debaixo d’água as coisas são diferentes daqui, nunca ninguém me chamou de monstro ou qualquer coisa parecida. Quem sabe meu lugar não seria em um lugar assim ou, quem sabe, em lugar algum.
Desculpe a todos por existir.

30/06/2010

Minha vida, por onde andei...



Quando acontece a hora de se entender que é chegado ao fim? Quando você se despedi? Quando diz adeus? Quando vira as costas e vai embora?
Não é fácil precisar esse tipo de coisa. Provavelmente é na hora que você percebe que não pertence mais aquele mundo e é hora de evoluir para outra coisa. Mas e se essa coisa é tão assustadora que as vezes te dá uma vontade enorme de permanecer estática, sem evoluir naquele mesmo lugar já estagnado? É difícil, mas se fosse fácil não teria graça.
Agora é hora de terminar um ciclo, andar para frente, levando toda a aprendizagem que se obteve nesse percurso. Agora é hora de responder para si mesmo se aqueles anos de estudo valerão mesmo de alguma coisa. Espera-se que sim.
Digo adeus às minhas aulas noturnas, aos meus trabalhos em grupo, as noites na frente do computador, aos lanches carregados de sal, as pipocas para forrar o estômago, aos butecos no meio de semana, as cervejas em horas de cansaço, as corridas na universidade, as brincadeiras infantis no departamento, as bagunças em sala de aula, aos bilhetinhos, aos rabiscos nas carteiras, aos salgados no dce, as viagens para o MT nas férias, ao sapiens meio azul meio vermelho. Digo adeus para a UFV e prevejo um futuro promissor para nós duas, ex melhores amigas de longa data, mas com futuros distantes. Te amo Universidade Federal de Viçosa.

Minha vida
Rita Lee


Tem lugares que me lembram
Minha vida, por onde andei
As histórias, os caminhos
O destino que eu mudei...

Cenas do meu filme
Em branco e preto
Que o vento levou
E o tempo traz
Entre todos os amores
E amigos
De você me lembro mais...

Tem pessoas que a gente
Não esquece, nem se esquecer
O primeiro namorado
Uma estrela da TV
Personagens do meu livro
De memórias
Que um dia rasguei
Do meu cartaz
Entre todas as novelas
E romances
De você me lembro mais...

Desenhos que a vida vai fazendo
Desbotam alguns, uns ficam iguais
Entre corações que tenho tatuados
De você me lembro mais
De você, não esqueço jamais...

18/06/2010

Enjoy it!

Goze a Vida!!


O 9 de Copas emerge como arcano de conselho neste momento de sua vida, Raquel. Trata-se de um aviso para que você possa gozar melhor os prazeres da vida, permitindo-se situações e encontros que lhe proporcionem felicidade. Você merece, após tantas coisas, passar por uma fase de satisfação do ego. Divirta-se! Procure, neste momento, afastar-se voluntariamente das coisas e pessoas que lhe causam desprazer. Estimule tudo o que lhe parecer satisfatório, principalmente no que diz respeito à satisfação dos sentidos: as coisas belas, gostosas, estimulantes. Observe também que, quando nos colocamos na direção da felicidade, muitas pessoas tentam nos dar opiniões insolicitadas, nem sempre com más intenções, que – se ouvidas – nos afastam dos nossos verdadeiros objetivos. Confiança, portanto, em sua própria intuição!


Conselho: Procure se dar prazer sem culpa. Curta a vida!



Acho que vou ter que ir para o arráia dos formandos, hahahaha